3 fatores relevantes para a escalada de dispositivos em IoT
Não é novidade que o número de dispositivos conectados à internet tende a aumentar nos próximos anos de maneira considerável. Hoje em dia já temos relógios, pulseiras, caixas de som, interruptores, robôs aspiradores de pó e outra infinidade de equipamentos conectados, dando força à era da Internet das Coisas (IoT - Internet of Things, em inglês).
Nesse contexto, é normal que muitas empresas já estejam trabalhando para pegar uma fatia desse mercado que começa a mostrar que poderá ser muito lucrativo. Para fazer parte dessa corrida, é preciso pensar em três critérios para um bom produto:
- Ser realmente útil para a sociedade ou para um grupo dela;
- Uma boa arquitetura de softwares, aplicativos, banco de dados e TI em geral;
- Um hardware bem projetado, barato e de qualidade.
Muitas vezes um produto lançado no mercado tem apenas uma dessas três características fortes, e peca em alguma outra. Como é o caso de ideias boas que surgem na internet, aplicativos ou equipamentos, mas que, na prática, não tem muita utilidade no dia a dia das pessoas.
Utilidade como fator de escalada em IoT
Um produto pode até ser simples, mas a funcionalidade que guia a sua conectividade deve existir, resolvendo um problema do consumidor ou tornando sua vida mais prática. Assim, uma boa solução em aplicativo ou via serviço na nuvem pode tornar o produto mais atrativo e útil.
No entanto, não adianta, por exemplo, ter uma cafeteira conectada à internet se a função trabalhada no aplicativo conectado for apenas mostrar se ela está ligada, já que não agrega valor ao produto e, pior, o torna mais caro que os ofertados pela concorrência que não disponibiliza o recurso IoT.
Outro exemplo pode ser dado com a Smart Lâmpada e Smart TV. A diferença de preço entre uma TV Smart e uma TV LCD, sem conexão com a internet, à época do lançamento, era cerca de R$ 500. O mesmo acontecia com as lâmpadas inteligentes, que se destacavam em relação ao preço médio das lâmpadas comuns, na mesma proporção.
Ao analisar os tempos atuais, podemos perceber que as Smart TVs se tornaram um produto atrativo que, mesmo diante das diferenças de preço, acabaram ocupando grande parte da preferência do público e muitas pessoas possuem o produto em casa. Já no caso da lâmpada, que é mais barata que a TV, os resultados não foram os mesmos.
Por que isso aconteceu? Porque a TV gerou mais utilidade ao público se comparada à lâmpada que, em sua função simples, já cumpre bem o papel de iluminar um ambiente.
Em contrapartida, um outro exemplo pode reforçar a utilidade como fator de escalada dos produtos em IoT. Me refiro às pulseiras smart, que venderam muito. Uma pulseira não apresenta, à primeira vista, um potencial grande para IoT, porém, adicionaram ao produto funções como monitoramento cardíaco, oxímetro, monitoramento de sono e menstrual, despertador por vibração, possibilidade de localização do smartphone, entre tantas outras coisas que agregam valor à elas.
Importância do hardware para a IoT
O desenvolvimento de Hardware também é importante, porque não adianta pensar em tudo e fornecer um hardware com baixa qualidade ao cliente, ou seja, que pode estar suscetível a falhas. Alguns dos equipamentos que já estão no mercado não aguentam a flutuação de tensão na rede elétrica, não possuem certificação na Anatel, nem no Inmetro. E isso prova que é preciso entender a diferença básica entre protótipo e produto final, entre circuito didático e projeto de engenharia.
Muitas empresas estão investindo e desenvolvendo para IoT em aplicativos e sistemas de TI, mas desenvolver para hardware proprietário é bem mais difícil e custoso, além da maior chance do sistema não se comportar bem e não acompanhar as atualizações do hardware.
Além disso, o custo de insumos e componentes para a produção de hardware nacional é um entrave para o desenvolvimento local, porém, a importação de produtos prontos também será afetado pela alta do dólar.
Logo, as empresas de TI e desenvolvimento de aplicativos e softwares para IoT vão começar a precisar contratar um tipo de profissional que não era comum contratar, como engenheiros e técnicos em eletrônica ou mecatrônica. Passa a ser importante investir também em laboratórios de desenvolvimento de hardware, que tem uma gestão e funcionamento bem mais complexo do que uma sala apenas com notebooks e mesas.
A IoT com certeza irá mudar nosso dia a dia, a forma como utilizamos a internet e muitos dos dispositivos que hoje nem imaginamos como serão conectados na rede mundial de computadores, além de transformar a forma de trabalho e gestão de empresas de TI que pretendem entrar nesse nicho.
Indústria da Internet das Coisas
Também existem os produtos de automação residencial e industrial com IoT. A Indústria 4.0, tem terreno fertil para criação de equipamentos para controle de seus processos, e os PLCs (Programmable Logic Controllers), que são pequenos computadores para controle de máquinas e circuitos elétricos de máquinas industriais, estão entre os equipamentos mais consumidos por indústrias de todos os segmentos.
Os PLCs ou CLPs, que em português significa Controladores Lógico Programáveis, podem ser comparados em parte com as placas de desenvolvimento que se encontram hoje no mercado, como Arduino, ESP32 NodeMCU e Raspberry. Porém, não podem ser substituídos por uma série de características que os PLCs precisam para serem viáveis para as indústrias, tais como:
- Confiabilidade;
- Resistência ao ambiente industrial com altas temperaturas;
- Vibrações;
- Variações Elétricas;
- Campos Magnéticos, entre outros.
Uso de PLCs
A linguagem de programação mais comum no meio industrial é o Ladder, que se adequa mais ao funcionamento de circuitos de comandos elétricos a relés do que com computadores desktop ou sistemas mobile. Trata-se de uma linguagem gráfica de programação utilizada na indústria para programação de PLCs, mas também de uma variedade de outros equipamentos de controle de energia e segurança.
#DicaVsoft: clique para entender mais sobre “Programação para Microcontroladores.
Além dessas razões, uma outra solução para a não substituição dos PLCs por placas como Arduino, é a assistência técnica e garantia de volume de venda, que as empresas precisam atender para vender um equipamento para um indústria, principalmente quando se trata de uma indústria grande com várias unidades no país, ou até com presença em todo o mundo.
Essas empresas seguem um plano diretor de automação industrial, que é um documento pensado para o processo e não apenas para uma máquina isolada. No plano diretor de automação, existem requisitos de atendimento, funcionamento, linguagem de programação e configuração, compatibilidade com outros equipamentos da planta industrial, treinamento da equipe em todas as unidades etc.
Mas é evidente que o mercado para pequenas indústrias é muito atrativo, já que as grandes fabricantes de PLCs focam em indústrias de grande porte, que vão comprar muitas unidades, deixando as pequenas fábricas com poucas opções ou apenas opções caras de equipamentos que foram pensados e desenvolvidos para grandes empresas.
É como se só existissem carros de luxo tipo Ferrari e BMW, pois as funções de IoT em equipamentos industriais só estão disponíveis em equipamentos de alto valor e importados. Entretanto, não vai demorar muito para algum fabricante perceber essa necessidade das indústrias e começar a desenvolver produtos IoT também voltados para esse mercado.
Assim, se sua empresa deseja investir em IoT, é importante que aposte também no planejamento e organização, saindo das ideias para pensar a forma de trabalho e os profissionais que precisam ser envolvidos para a entrada nesse mercado - que ainda não está tão aparente na mídia.
Quando a tendência estourar, sua empresa estará preparada para acompanhá-la, saindo na frente de outras companhias que vão querer entrar nesse mercado de forma desorganizada e com produtos cheios de falhas e mal-acabados. Portanto, escalar uma ideia no contexto da Internet das Coisas pode gerar bons resultados, desde que haja planejamento, utilidade, um bom software e um bom hardware.
Aproveite para ler, também, outros artigos sobre IoT que foram publicados no blog da Vsoft.
Kleber Oliveira
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